Trump tem “interesse financeiro” em farmacêutica que produz hidroxicloroquina

Publicado por: admin
09/04/2020 09:40:36
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Gage Skidmore / Flickr
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Donald Trump falou da hidroxicloroquina como uma potencial “cura milagrosa” para a Covid-19, apesar das recomendações contrárias de especialistas e da falta de estudos científicos válidos que confirmem os benefícios da substância. O The New York Times avança, agora, que o Presidente dos EUA pode ter “interesses financeiros” no processo.

 

A hidroxicloroquina tem sido notícia, nos últimos tempos, como potencial medicamento contra a Covid-19, mas não há ainda estudos científicos reconhecidos que aprovem que pode ter os efeitos desejados.

 

Trump tem insistido no uso do medicamento nos EUA, apesar de o especialista mais reputado do país no domínio das doenças infecciosas, o médico Anthony S. Fauci, não o recomendar.

 

Artigo do The New York Times (NYT) adianta que as reais motivações de Trump por trás da insistência na hidroxicloroquina podem ser financeiras. É que se o medicamento for vendido massivamente, como solução contra a Covid-19, várias empresas farmacêuticas com acionistas com ligações a Trump vão lucrar com isso, diz o jornal.

 

O próprio Trump tem uma pequena participação financeira na Sanofi, farmacêutica francesa que produz o medicamento Plaquenil, a versão comercial da hidroxicloroquina, ainda de acordo com o NYT.

 

Os maiores accionistas da Sanofi incluem a Fisher Asset Management, sociedade gerida por Ken Fisher que é “o maior doador dos Republicanos“, com especial ênfase em Trump. E o Fundo Invesco que é gerido por Wilbur Ross, o Secretário de Estado do Comércio de Trump, é accionista da Sanofi e da Mylan, outra farmacêutica.

 

O próprio Trump e a família têm investimentos num fundo – Dodge & Cox – que também tem participação na Sanofi, como acrescenta o NYT.

 

A publicação apurou ainda que várias farmacêuticas que produzem genéricos, incluindo a Mylan, a Teva e a Amneal, estão mobilizando-se para fazer comprimidos de hidroxicloroquina. A Amneal Pharmaceuticals foi fundada por Chirag Patel que integra um clube de golfe de Trump em Nova Jérsia, e um dos responsáveis da Teva Pharmaceutical Industries, Roberto Mignone, tem ligações ao genro de Trump, Jared Kushner.

 

Vários especialistas médicos têm alertado que a hidroxicloroquina, que é usada contra a malária e o lúpus, tem contra-indicações graves, incluindo cegueira e ataques cardíacos.

 

Ao longo dos últimos tempos, têm sido notícia vários estudos que falam da sua alegada eficácia contra a Covid-19 e tem sido usada em diversos hospitais pelo mundo para tratar pacientes com a infecção provocada pelo coronavírus.

 

Em Portugal, a Ordem dos Médicos estão em estudos a possibilidade de seu uso a título preventivo em profissionais de saúde e outros grupos de risco, como idosos.

 

Todavia, a eficácia da hidroxicloroquina contra a Covid-19 não está comprovada. E na Suécia, alguns hospitais terão deixado de a administrar aos doentes devido aos efeitos secundários verificados.

 

Em Março passado, uma análise feita pela agência noticiosa AFP chegou a associar a origem da associação da hidroxicloroquina à Covid-19 a um esquema fraudulento com origem na Nigéria. Mensagens divulgadas no WhatsApp, citando alegados estudos científicos, acabaram por ser disseminadas pela Internet e terão permitido ao autor do esquema ganhar dinheiro com a venda de comprimidos de hidroxicloroquina.

 

Na Nigéria, o medicamento usado contra a malária está proibido desde 2005, depois de a Organização Mundial de Saúde ter alertado para “elevadas falhas de tratamento e resistência” à substância em algumas partes do mundo, como aponta a AFP.

 

Ora, Trump tem alegado que não há tempo para mais estudos em torno da hidroxicloroquina porque há “pessoas a morrer”, defendendo que mais vale arriscar porque não há “nada a perder”.

 

O NYT cita um médico que entende que o papel de Trump como presidente dos EUA é “projetar esperança”, admitindo que ele faz bem em falar da possibilidade de o medicamento ser a solução para a pandemia. Mas a “esperança falsa pode ser má”, alerta outro médico ouvido pelo jornal.

 

Certo é que há hospitais dos EUA que estão a usar hidroxicloroquina, juntamente com outras substâncias, como a azitromicina, um antibiótico prescrito contra bronquites bacterianas, pneumonia e gonorreia, entre outras doenças. Um cocktail de remédios cujos reais efeitos nos pacientes são desconhecidos.

 

Temos estado a atirar a pia da cozinha a estes pacientes“, salienta ao NYT o médico Adhi Sharma, de um hospital em Long Island. “Não sei dizer se alguém melhorou por conta própria ou por causa da medicação”, conclui.

 

Fonte: SV, Planeta ZAP //

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