Grupo Digital israelita manipulou mais de 30 eleições por todo o mundo

Publicado por: admin
15/02/2023 20:15:06
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Cortesia Editorial Unsplash
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A equipe Jorge recorre à pirataria informática e a exércitos de bots para difundir desinformação e destabilizar as campanhas de rivais políticos. Já terá interferido em mais de 30 eleições em todo o mundo.

 

Uma nova investigação de um consórcio internacional de jornalistas descobriu que há uma equipe israelita que intereferiu em mais de 30 eleições em todo o mundo. O grupo manipulou os processos eleitorais através de pirataria informática, sabotagem e criando campanhas de desinformação nas redes sociais.

 

O cérebro da operação conhecido como Tal Hanan, de 50 anos e que atuou como agente das forças especiais israelitas e agora opera sob o pseudónimo “Jorge”, revelou o The Guardian. Hanan estima-se já  influenciou eleições em vários países há mais de 20 anos.

 

A “equipe Jorge“, como é conhecida, trabalhava como um serviço privado que oferece aos seus clientes a possibilidade de interferir com eficiencia em eleições sem deixar rastro. Os seus serviços já foram usados nos Estados Unidos, em vários países europeus e um pouco por toda a África e América Central e América do Sul.

 

O leque de clientes incluí agências de inteligência, campanhas políticas e grandes empresas privadas interessadas em manipular a opinião pública, de acordo com as informações dadas por Jorge a jornalistas disfarçados.

 

Notícias plantadas nas mídias

Um dos principais serviços da equipe é o pacote Advanced Impact Media Solutions, conhecido como Aims. Este software consiste num enorme exército de contas falsas e bots no Twitter, Facebook, Instagram, YouTube, Telegram, LinkedIn e Gmail. Alguns dos perfis falsos até tinham contas na Amazon com cartões de crédito e carteiras de Bitcoin associados.

 

Em reuniões com os jornalistas disfaçados, a equipe Jorge explicou os seus métodos para recolher informações confidenciais sobre rivais políticos, incluindo como acessar às contas do Gmail e do Telegram dos responsáveis das campanhas.

 

Os membros também se gabaram de ter pessoas infiltradas nos meios de comunicação mainstream que plantavam notícias (fake-news)para denegrir os rivais, notícias essas que eram depois difundidas pelas redes sociais pelo exército de bots do Aims.

 

Um exemplo destas ligações com os mídia terá sido o pivô Rachid M’Barki do BFMTV, o canal de notícias mais visto na França. A investigação revelou que o programa de M’Barki, Le journal de la nuit, terá transmitido várias notícias à ordem da equipe Jorge, incluindo uma sobre o impacto negativo das sanções aos oligarcas russos na indústria de iates no Monaco.

 

O jornalista, que era pivô desde 2005, foi suspenso no mês passado após a estação televisiva ter sido questionada sobre as suas possíveis ligações ao grupo israelita.

 

Os métodos de manipulação

A equipe também tentava alimentar o caos nas vidas pessoais dos rivais políticos e deu como exemplo a encomenda que fez de um brinquedo sexual que foi entregue na casa de um político, com o objectivo de fazer a sua mulher acreditar que o marido a estava a trair e semear o conflito.

 

Na sua apresentação inicial aos jornalistas, Hanan afirmou que o grupo estava no momento a trabalhando numa eleição na África. “Temos uma equipe na Grécia e uma outra nos Emirados. Já completamos 33 campanhas em eleições presidenciais, 27 das quais tiveram sucesso”, anunciou, confirmando que estava ainda envolvido em dois “projectos importantes” nos Estados Unidos.

 

Não foi possível verificar todas as alegações de Hanan e é possível que o grupo estivesse  mentindo sobre os seus resultados para poder exigir um preço mais alto. A equipe afirmou que aceitaria pagamentos em várias moedas, incluindo criptomoedas, e que os preços oscilavam entre os seis milhões e os 15 milhões de euros.

 

Hanan demonstrou ainda nas videochamadas quão fácil é criar uma conta falsa para o Aims, usando a fotografia de uma mulher branca britânica e dando-lhe o nome “Sophia Wilde”. Automaticamente, o sistema criou uma data de nascimento e um email, ambos falsos.

 

O The Guardian avança que muitas das contas falsas usam fotos de pessoas reais. Neste caso, a imagem de “Sophia Wilde” foi retirada de uma conta numa rede social russa de uma mulher que vive em Leeds.

 

A equipe também mostrou quão fácil é entrar nas contas do Telegram dos rivais, dando como exemplo a conta de um estratagista queniano que pirateou. “Uma das melhores coisas é criar conflitos entre as pessoas certas. Posso escrever-lhe o que acho da mulher dele ou sobre o que ele disse no seu último discurso ou prometer-lhe que ele será o meu chefe de gabinete”, explicou Hanan.

 

Após a mensagem ser lida, pode ser facilmente apagada sem que a pessoa que tem a conta pirateada se de conta disso, gerando assim o caos no seio das campanhas políticas.

 

Hanan dirigiu pelo menos algumas das suas campanhas de desinformação através da empresa israelita Demoman International, que está registrada num site controlado pelo Ministério da Defesa de Israel. O Governo israelita não respondeu às questões dos jornalistas.

 

Confrontado sobre as revelações do trabalho da equipe Jorge, Hanan não entrou em detalhes e limitou a negar “qualquer transgressão”.

 

Por Adriana Peixoto,

Com informações da Agência ZAP //

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