Morte, prisão ou igreja.

Publicado por: admin
08/04/2021 10:30:01
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Agencia Brasil
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No Brasil, um país que se carateriza por ser essencialmente católico, um estudo da Data Folha divulgou que a percentagem de evangélicos cresceu de 10%, em 1994, para 29%, em 2016. O facto da religião ser cada vez mais vista como o caminho da salvação para muitos traficantes de droga pode justificar os números.

 

Como os traficantes de droga que se tornaram evangélicos para salvar criminosos

 

O estudo da empresa de estatística revelou ainda que desses 29%, mais de metade dos crentes são provenientes de famílias de classe baixa.

 

Em comunidades onde há poucas oportunidades para uma vida melhor, os pastores evangélicos dão acesso a um sistema de apoio e a uma alternativa ao crime.

 

Um dos bairros mais pobres do Rio de Janeiro, Acari, ficou em terceiro lugar no Índice de Desenvolvimento Humano da cidade, uma estatística usada pela ONU para medir o desenvolvimento socioeconómico.

O envolvimento no mundo do tráfico de droga é um dos grandes problemas da população, mas há quem tente procurar um caminho melhor. São cada vez mais os criminosos que procuram a ajuda da igreja evangélica e acabam por se tornar pastores.

 

O acesso aos bairros – conhecidos como favelas – é também facilitado pelos gangues locais que ajudam na saída dos traficantes deste mundo, caso optem por uma vida religiosa, já que esta é vista como a salvação.

 

William Souza fundou a igreja evangélica “Comunidade para Restaurar Vidas” há nove anos e tornou-se parte do crescimento da fé evangélica no Brasil.

 

Um dos membros da igreja de William, o pastor Carlos Eduardo Gomes Oliveira, foi um dos casos em que a igreja acabou por ajudar a encontrar um novo rumo.

 

O brasileiro de 38 anos iniciou o seu percurso no tráfico de drogas quando tinha apenas 12 anos. Carlos ganhava bastante dinheiro a embalar e distribuir droga, mas decidiu desistir há sete anos, altura em que um polícia assassinou um dos membros do seu gangue durante uma operação.

 

Após a morte do amigo de Carlos, William começou a fazer-lhe visitas, acabando por convencê-lo a aderir à fé evangélica.

 

Desta forma, William tem conseguido reunir cada vez mais adeptos para a sua igreja, mas os esforços ainda são insignificantes, comparados com o sofisticado circuito de conversão que está ativo a milhares de quilómetros de distância, no estado do Acre, no noroeste da Amazónia.

 

“O nosso trabalho é salvar almas”

 

Na capital Rio Branco, a Equipe 91 – um grupo de 70 ex-criminosos que se tornaram pastores evangélicos – tem vindo a “resgatar” pessoas desde 2012. O grupo leva o nome do salmo 91 da Bíblia que promete que o Senhor irá promover a salvação de “pestilência mortal”.

 

“O nosso trabalho é salvar almas”, frisa Francisco Ferreira da Conceição, um dos principais líderes da Equipa 91, conhecido na cidade como Ferreirinha.

 

Ferreirinha conta à VICE que os chefes dos gangues locais facilitam o processo de contacto com os criminosos pois sabem que a maioria das carreiras criminais termina em uma de duas maneiras: morte ou prisão.

 

No entanto, graças ao pacto que a Equipa 91 estabeleceu com os traficantes locais, foi criada uma terceira via, através da adesão à fé evangélica.

 

“Os barões do tráfico sabem que eventualmente serão forçados a deixar o mundo do crime, por isso respeitam-nos, pois sabem que somos a única saída, caso um dia precisem”, explica o pastor.

 

Há quatro anos, Ferreirinha comandava o B13, um gangue de destaque no Acre. Depois de passar 30 anos no negócio das drogas e entrar e sair da prisão 25 vezes, o brasileiro decidiu pôr fim à sua caminhada no mundo do crime. Agora, dedica-se a inspirar outras pessoas que passam pela mesma situação.

 

Atualmente, dos 40 líderes religiosos que visitam as prisões do Acre, 30 são pastores evangélicos.

 

Há 6.130 presos no sistema penitenciário do Estado do Acre, mas todos aqueles que ”abraçam Deus” podem enviar um pedido por escrito para serem transferidos para uma secção separada apenas para presidiários religiosos.

 

De acordo com a VICE, a Equipa 91 criou uma iniciativa em parceria com o Governo brasileiro que lhes permite realizar missas e fazer círculos de oração com os presidiários dentro das prisões e fornece ainda um sistema de apoio para os que são libertados.

 

Por Ana Isabel Moura,

Originamente Produzido e Pubicado Por:  Planeta ZAP //

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