Criptomoeda brasileira facilita empréstimos a pequenos produtores rurais

Publicado por: admin
11/10/2018 12:05:53
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Estimativas recentes do Banco Mundial dão conta de que existem cerca de 2 bilhões de pessoas não bancarizadas no mundo todo. Elas sofrem com a falta de acesso a crédito ou a empréstimos comerciais, o que limita severamente as possibilidades de crescimento econômico.

 

Pressionados por taxas de juros imprevisíveis, empréstimos predatórios e uma incapacidade de estabelecer crédito, os produtores locais não bancarizados muitas vezes não conseguem acessar o capital necessário para expandir seus negócios e estabelecer uma segurança financeira significativa.

 

Nesse cenário, a mineira Taynaah Reis, de 30 anos, descobriu na tecnologia um meio de conectar pessoas que querem investir com aquelas que precisam de recursos. Em 2017, criou a primeira criptomoeda brasileira com propósito de abordar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas.

 

Com o Programa Moeda Semente, a iniciativa facilita o acesso ao crédito por meio do qual os produtores locais podem crescer e trazer desenvolvimento às suas comunidades.

 

A transparência da tecnologia blockchain (base de dados distribuída que guarda um registro de transações permanente e à prova de violação) permite que pessoas do mundo todo invistam com agilidade nesses empreendimentos.

 

A presidente-executiva da iniciativa destaca que os bons resultados são a concretização de um sonho. “Hoje a Moeda tem mais de 3 mil investidores, em sua maioria chineses. Ou seja, o pessoal do outro lado do mundo pode investir nos projetos selecionados pelo nosso Programa Moeda Semente", declarou.

 

Os empreendimentos selecionados, chamados Projetos Semente, recebem apoio também em áreas técnicas, de negócios e de sustentabilidade por meio do Programa Moeda Semente. Como é o caso da Cooperval, presidida por Dona Divina, a qual recebeu investimento de cerca de nove países diferentes.

 

Uma cerveja para mudar o futuro

O primeiro Projeto Semente envolve a Cooperval, uma cooperativa do interior de Goiás que reúne 170 famílias. Há dez anos, as mulheres da cooperativa recuperam a cultura do Cerrado com receitas tradicionais de pães, geleias e doces com frutos nativos. Além disso, produzem hortaliças e polpas de fruta — os alimentos abastecem escolas municipais da região por meio de programas do governo.

 

A Cooperval enviou um projeto à Moeda pedindo financiamento para o crescimento da produção — por meio da aquisição de máquinas e equipamentos. No entanto, o time técnico da iniciativa concluiu que a comunidade teria poucas condições de pagar o empréstimo e que precisava de melhor capacitação. Dessa forma, nasceu o Projeto Semente Cooperval Cerveja Artesanal.

 

A ação está focada num dos frutos nativos que a cooperativa processa, o baru, castanha com sabor parecido ao do amendoim, vendida a 13 dólares o quilo. Para aumentar esse valor, a ideia foi produzir uma cerveja artesanal com o fruto.

 

O Programa Moeda Semente desenvolveu um plano de negócios, fechou parceria com uma cervejaria local, contratou sommeliers e se tornou co-brander da “Dona Divina Baru Beer”.

 

O valor pago pelos investidores vai viabilizar um empréstimo de 8 mil dólares. A meta é produzir 1,5 mil garrafas, cada uma a ser vendida por 8 dólares. Com o lucro, a cooperativa vai poder pagar o financiamento com juros em dezembro de 2018, e os investidores vão receber bônus de 10% em MDABRL (token Moeda atrelado ao valor do Real).

 

A receita da cerveja vai ajudar em várias frentes. A Cooperval vai poder compras máquinas para aumentar a produção de hortaliças e implantar um sistema de gotejamento que usa pouca água e energia elétrica.

 

Também vai adquirir equipamento para beneficiar o baru, permitindo aumentar o lucro da venda do fruto in natura. Além disso, a cooperativa poderá desenvolver a produção de mudas do baru e difundir seu plantio junto a mais de 3 mil famílias de agricultores familiares da região.

 

O baru, que hoje beira a extinção, pode se tornar atividade comercial ambientalmente relevante. O replantio da cultura nativa garante a sustentabilidade da produção e a renovação do solo.

 

Os projetos financiados pelo projetam visam a implementação local dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), principalmente os de números 9 (construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação), 10 (reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles) e 12 (assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis).

 

Além de aumentar a rentabilidade das famílias da cooperativa, o investimento afeta a comunidade no longo prazo, criando as raízes de uma cultura sustentável que é a base para o crescimento constante, segurança alimentar e referência para outros empreendedores de impacto.

 

Na outra ponta do projeto, estão investidores do mundo todo. Eles usam os MDAs (criptomoeda da Moeda) para realizar o investimento de forma ágil e simples. A transação acontece por meio da plataforma Moeda e permite que os apoiadores acompanhem todos os passos com a transparência oferecida pela tecnologia blockchain.

 

O objetivo é humanizar as finanças para distribuir impacto. Os investidores têm transparência no investimento e, ao mesmo tempo, transparência na relação pessoa-pessoa; eles podem conhecer a Dona Divina, entender a realidade da Cooperval e saber exatamente que impacto seu apoio vai proporcionar.

 

É uma nova relação de confiança que extrapola os produtos do sistema bancário tradicional. O blockchain acaba sendo veículo para redefinir uma relação de confiança que atua no processo de troca de valores e também no envolvimento entre investidor e empreendedor de impacto.

 

O Projeto Semente Cooperval Cerveja Artesanal deve ser finalizado em dezembro. A data vai ser marcada por um evento em que Dona Divina fará o pagamento do aporte inicial. Na ocasião, a Moeda vai apresentar os resultados e lançar os novos investimentos.

 

15 dias pela autonomia das mulheres rurais

Os papéis desempenhados pelas mulheres rurais são tão numerosos quanto suas lutas e vitórias. O que não faltam são histórias de vida inspiradoras. No entanto, elas ainda não têm o reconhecimento merecido.

 

Ainda sofrem com o preconceito e a desigualdade de gênero. Há um longo caminho para o equilíbrio de direitos e oportunidades entre homens e mulheres no campo. A fim de mostrar que equidade de gênero e respeito são valores necessários cotidianamente, a ONU 2018 como o Ano da Mulher Rural.

 

Pensando nisso, a partir de 1º de outubro, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) iniciou a publicação de uma série de reportagens que fazem parte da Campanha Regional pela Plena Autonomia das Mulheres Rurais e Indígenas da América Latina e do Caribe - 2018.

 

Serão 15 dias de ativismo em prol das trabalhadoras rurais que, de acordo com o censo demográfico mais recente, são responsáveis pela renda de 42,2% das famílias do campo no Brasil.

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