Quando o Governo tem razão

Publicado por: admin
09/06/2021 06:59:21
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Courtesy Pixaby
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Por Carlos Brickmann

O chefe da Casa Civil de Bolsonaro, general Luiz Eduardo Ramos, disse que o ex-ministro da Saúde Henrique Mandetta aterrorizou os ministros do STF, ao dizer que a Covid 19 mataria 400 mil pessoas no Brasil. Por isso, os ministros concordaram em dar poderes a governadores e prefeitos para agir contra a pandemia. Ramos disse que até ele se assustaria com o número de mortos previsto por Mandetta. Pois não é que o general tem razão? Mandetta errou mesmo nos números: falou em 400 mil mortos na pandemia inteira e hoje, no meio da pandemia, já temos 475 mil mortos, a caminho de 500 mil. Como é bom ter um general na Casa Civil esclarecendo os números!

 

Bolsonaro disse, na segunda, que o número de mortos da Covid era só de uns 250 mil – coisa pouca. Que, de acordo com um relatório do Tribunal de Contas da União, metade das mortes atribuídas à Covid teria outras causas. O TCU rebateu na mesma tarde: “O TCU esclarece que não há informações em relatórios do tribunal que apontem que ‘em torno de 50% dos óbitos por Covid não foram por Covid”, conforme afirmação do presidente Jair Bolsonaro divulgada hoje”. A notícia foi tirada da cabeça dele.

 

Há alguns anos, no mesmo grupo que revelou Rivaldo. Há alguns anos, o Noroeste de Bauru projetou um veloz ponta-direita de bom futebol, Lela, que teve destaque no Brasil e no Exterior (e é pai de dois jogadores de renome, Alecsandro e Richarlyson). Lela era apelidado de “Mentira”, por ter as pernas curtas.

 

Pernas longas

Bolsonaro quis repetir Medici e trocar o técnico da Seleção. Só que ele não é Medici; e a Fifa de hoje não é a Fifa de ontem. A subordinação das entidades nacionais a governos é reprimida com dureza: inclui suspensão, proibição de jogos internacionais, suspensão de transferência de jogadores. Se Tite quiser continuar, continua (e com bons motivos, já que a Seleção vem ganhando). Se quiser sair, a Fifa vai ficar de olho para ver se o comando da CBF age com independência. Qualquer pazuelismo pode criar problemas.

 

Vacinas pra dar e vender

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, diz que negocia a compra de cem milhões de doses da vacina da Moderna. Há duas semanas, o Ministério da Saúde anunciava que 159 milhões e 450 mil doses chegariam ao Brasil no primeiro semestre de 2021 – este mesmo, que termina daqui a 21 dias. Bom, o histórico das compras de vacinas não é exatamente claro. As cem milhões de doses da Pfizer viraram duzentas – mas cadê as ditas? Há dias, a vacinação teve de ser interrompida por falta de vacinas. A Fiocruz já ficou cinco dias parada. E anuncia-se que depois de amanhã, por falta de matéria-prima, deve parar as máquinas por dez dias. Aliás, as 149,45 milhões de doses prometidas para este mês já eram 22,5% menores que a quantidade prevista pela Saúde em maio, 205 milhões e 890 mil vacinas. Somando: 149 milhões da Oxford, mais 200 milhões da Pfizer, mais cem milhões da Moderna, mais 38 milhões da Janssen, mais 47 milhões da Coronavac. São, só aí (sem Sputnik V, sem a Covaxin, sem nossa quota na Covax), 534 milhões de doses. A duas doses por pessoa (com certo exagero, porque a da Janssen é em dose única), dão para imunizar 267 milhões de pessoas. Considerando-se que a população do Brasil, no total, é de 211 milhões de habitantes; que só é vacinado quem tem mais de 18 anos; e que existe quem não queira tomar vacina, conclui-se que foi tudo feito no tapa, com os militares especializados em logística e tudo.

 

Despreocupe-se

Mas não é para ninguém se assustar, não. Boa parte desses números é só chute, jogo para a torcida. Na prática, estamos como sempre: uma invejável estrutura nacional de vacinação, com gente competente, dedicada, de alta especialização, mas que não tem vacinas para aplicar. Pernas curtas.

 

Preocupe-se

O Sindicato dos Trabalhadores de Limpeza Urbana de São Paulo, aliado ao Sindicato dos Motoristas de Limpeza Urbana, fez um pequeno ensaio de greve, ontem; e, se não houver resposta ao pedido de vacinação do pessoal de limpeza, pode paralisar os serviços. Os sindicatos alegam que seus sócios varrem a cidade, manipulam lixo, circulam nos caminhões de coleta com o lixo acumulado e, portanto, devem ser vacinados imediatamente. Ainda não foram ouvidos, mas já se reuniram com Patrícia Ellen da Silva, secretária de Desenvolvimento Econômico do Estado, sem sucesso; e protocolaram suas reivindicações ao governador João Dória, à Secretaria Municipal da Saúde, à Câmara Municipal, à Autoridade Municipal de Limpeza Urbana, sem ter resposta. Se houver greve, ninguém pode alegar que não foi avisado a tempo.

 

A economia vai bem

Como prometeu o Governo, o botijão de gás engarrafado não custaria mais de R$ 35. Promessa cumprida: custa só cento e poucos reais. O óleo de soja caiu de R$ 3 para R$ 8. O arroz foi de R$ 2 para R$ 5,50 o kg. A gasolina despencou de R$ 3,80 para R$ 5,90. A carne de R$ 22 caiu para R$ 40.

 

Carlos Brickmann

carlos@brickmann.com.br

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