Cientistas condenam teorias da conspiração sobre a origem do surto do coronavírus

Publicado por: admin
26/02/2020 19:48:58
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Courtesy Pixabay
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Um grupo de 27 cientistas da área de saúde pública condenou, através de um comunicado, o fluxo de histórias e um artigo científico que sugerem que um laboratório em Wuhan, na China, pode ser a origem do surto de COVID-19.

 

“A partilha rápida, aberta e transparente de dados sobre o surto está agora a ser ameaçada por rumores e informações erradas sobre as suas origens”, escreveram os cientistas de nove países, num comunicado publicado na Lancet e citado pela Science.

 

O comunicado não aponta afirmações específicas sobre a origem do surto, mas várias publicações nas redes sociais colocam sob suspeita o Instituto de Virologia de Wuhan, por este possuir um laboratório com o mais alto nível de segurança. No local, os investigadores estudam vírus transmitidos por morcegos, incluindo o mais próximo ao SARS-CoV-2, que causa o COVID-19.

 

Essas especulações incluem a possibilidade de o vírus ter sido criado no laboratório ou de um dos seus funcionários ter sido infetado enquanto manipulava um morcego, tendo depois transmitido a doença fora daquele local. Os pesquisadores do instituto insistem que não há ligação entre o surto e o laboratório.

 

“Estamos juntos para condenar fortemente as teorias da conspiração, que sugerem que o COVID-19 não tem uma origem natural”, lê-se no comunicado, onde os cientistas classificam o trabalho dos profissionais de saúde chineses como “notável” e incentivam outros investigadores a assinar uma declaração onde podem afirmar o mesmo.

 

No início de fevereiro, o senador norte-americano Tom Cotton disse à Fox News que o laboratório encontra-se “a poucos quilómetros de distância” de um mercado de frutos do mar onde foram detetados alguns dos primeiros casos de coronavírus.

 

“Não temos evidências que mostrem que a doença se tenha originado lá mas, devido à duplicidade e desonestidade da China desde o início, precisamos pelo menos fazer a pergunta para ver o que as evidências mostram”, afirmou, acrescentando que, inicialmente, o governo chinês recusou a oferta do governo dos Estados Unidos (EUA) de enviar cientistas para ajudar a esclarecer as dúvidas sobre o surto.

 

Os autores do comunicado publicado na Lancet indicaram ainda que cientistas de vários países que já estudaram o SARS-CoV-2 “concluíram, esmagadoramente, que o coronavírus teve origem na vida selvagem”, assim como muitos outros vírus que foram transmitidos nos últimos anos à pessoas.

 

“As teorias da conspiração não fazem nada além de criar medo, rumores e preconceitos que comprometem a nossa colaboração global na luta contra o vírus”, frisaram.

 

Peter Daszak, presidente da EcoHealth Alliance e um dos signatários do documento, colaborou com os cientistas do instituto de Wuhan que estudam os coronavírus provenientes de morcegos. “Estamos no meio da era da desinformação das redes sociais, e esses rumores e teorias da conspiração têm consequências reais, incluindo ameaças de violência que ocorreram a nossos colegas na China”, contou ao ScienceInsider.

 

“Podemos escolher entre apoiar os colegas que estão a ser atacados e ameaçados por teóricos da conspiração ou fechar os olhos. Estou orgulhoso de constatar que pessoas de nove países podem vir em sua defesa e mostrar solidariedade com pessoas que, afinal, estão a lidar com as condições horríveis decorrentes de um surto”, concluiu.

 

Fonte: Planeta ZAP //

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