Do plano para matar à mão de Deus.

Publicado por: admin
01/10/2019 20:11:08
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Ex-procurador-geral da República do Brasil, Rodrigo JanotFellipe Sampaio / SCO / STF
Ex-procurador-geral da República do Brasil, Rodrigo JanotFellipe Sampaio / SCO / STF

O ex-procurador-geral da República do Brasil, que vai lançar um livro na próxima semana, revelou que planeava matar o juiz do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e suicidar-se a seguir.

 

O ex-procurador-geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, revelou numa entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, a propósito do livro que vai lançar na próxima semana, que quase assassinou o juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes.

 

No livro “Nada Menos que Tudo”, escrito pelos jornalistas Jailton de Carvalho e Guilherme Evelin, Janot narra episódios sobre os quatro anos em que esteve à frente da PGR e cita o episódio desse quase assassinato, embora não revele nele quem era o seu alvo.

 

O plano era simples: assassinar Gilmar Mendes e depois suicidar-se. “Não ia ser uma ameaça. Ia ser mesmo um assassinato. Ia matá-lo e depois ia suicidar-me”, revelou ao jornal brasileiro, acrescentando que tudo aconteceu em maio de 2017.

O ex-PGR contou que foi armado para uma sessão do STF com esse mesmo objetivo e que encontrou Mendes sozinho numa sala do STF, tendo sido nessa altura que pensou assassiná-lo. Mas, então, algo aconteceu: “Foi a mão de Deus”.

 

Numa entrevista publicada pela revista Veja, Janot disse que chegou a dois metros de distância de Mendes, na sala onde os ministros se reúnem antes dos julgamentos, e sacou da pistola para “atirar na cara dele”.

 

“Estava movido pela ira. Não tinha escrito uma carta de despedida, não conseguia pensar em mais nada. Também não disse a ninguém o que pretendia fazer. Este juiz costuma chegar atrasado às sessões. Quando cheguei à antessala do plenário, para minha surpresa, ele já estava lá. Não pensei duas vezes. Tirei a minha pistola da cintura, engatilhei, mantive-a encostada à perna e fui ter com ele”, contou na entrevista.

 

Senado Federal / Wikimedia

Gilmar Mendes, juiz do Supremo Tribunal Federal brasileiro

“Mas algo estranho aconteceu. Quando procurei o gatilho, o meu dedo indicador ficou paralisado. Eu sou destro, então mudei a arma de mão. Tentei posicionar a pistola na mão esquerda, mas o meu dedo paralisou outra vez. Nesse momento, eu estava a menos de dois metros dele. Não errava um tiro a essa distância. Então pensei: ‘Isto é um sinal’. Acho que nem se apercebeu que esteve perto da morte“.

 

Entretanto, o juiz do Supremo rompeu o silêncio sobre as declarações de Janot, tendo decidido responder com ironia às revelações do ex-procurador-geral da República.

 

“Confesso que estou algo surpreendido. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora revela que eu também corria o risco de morrer”, escreveu.

 

“Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o facto de, durante um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ter ficado refém de quem confessa ter impulsos homicidas“, disse ainda.

 

“Se a divergência com um juiz do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que não eram juízes do Supremo. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da corte constitucional do país”.

 

No mesmo texto, Gilmar prossegue, afirmando que “o combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder”. “Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal”, conclui o juiz do Supremo Tribunal Federal.

 

Fonte: ZAP // Sputnik News / BBC

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